sábado, 30 de setembro de 2017

Sem investimento, desigualdade digital não cairá, dizem debatedores


O investimento em banda larga é fundamental para reduzir a desigualdade digital no país. Essa foi a conclusão unânime dos especialistas ouvidos na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) nesta quinta-feira (28). A reunião discutiu a Política Nacional de Banda Larga e o futuro da 'Internet das Coisas', termo que designa a conectividade de todo tipo de aparelho à rede mundial.
Vários números que evidenciam essa desigualdade foram apresentados. Pouco mais da metade dos brasileiros tem acesso à banda larga. A velocidade média é de 6,8 Mbps (megabits por segundo), abaixo da média mundial, que é de 7,2 Mbps. Nas escolas públicas, a média cai ainda mais, para 3 Mbps. O resultado é que os mais pobres só acessam a internet pelo telefone celular, limitando-se a aplicativos como Facebook e WhatsApp.
Para investir em banda larga e Internet das Coisas, os representantes das operadoras de telefonia defenderam redução de impostos e aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 79/2016, do deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), que muda a modalidade de outorga de serviços de telecomunicações de 'concessões' para 'autorizações', em troca de certos compromissos de investimento. Segundo Enylson Camolesi, diretor de relações institucionais da Telefônica/Vivo, o aparato regulatório brasileiro ainda se baseia na telefonia de voz, que está em declínio.
- O PLC 79 é uma oportunidade de a gente sair daquela visão do século XX e começar a olhar para a banda larga. O Parlamento tem uma responsabilidade muito grande. Queremos a migração da concessão para autorização, e desonerações revertidas em investimento em banda larga - disse Camolesi.
Camolesi aplaudiu decisão tomada na quartafeira pelo Tribunal de Contas da União (TCU), liberando a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para firmar acordo com a Telefônica/Vivo, convertendo multas em investimentos.
Crítica
 Flávia Lefèvre Guimarães, conselheira da associação de defesa do consumidor Proteste, disse 'rechaçar' o PLC 79/2016. Para ela, seria importante aplicar a regulamentação já existente - por exemplo, usando efetivamente o Funtel (Fundo Nacional de Telecomunicações) e o Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para os fins para os quais foram criados:
- A proposta é pontual, circunstancial, não altera questões fundamentais que têm emperrado o investimento. Temos bilhões de reais recolhidos para Funtel e Fust que, caso o governo atendesse o que está expressamente previsto na Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/1997), a gente poderia usar para todos os serviços.
Leandro Guerra, diretor de relações institucionais da TIM Brasil, propôs que a prioridade das políticas públicas seja o backhaul, conexão intermediária entre o backbone, a 'autoestrada' que leva a fibra ótica às maiores cidades do país, e a 'última milha', a ligação final leva a banda larga às casas. Ele deu o exemplo do Acre, onde o backbone da TIM chega até a capital, Rio Branco, mas falta um backhaul que leve a banda larga a municípios como Xapuri.
O senador Jorge Viana (PT-AC), responsável na CCT pela avaliação da Política Nacional de Banda Larga, anunciou para a próxima segunda-feira (2) um encontro em Rio Branco com os representantes das empresas do setor, e o início de testes na capital acriana da cobertura da frequência de 700 Mhz, que amplia a capacidade do 4G.
Legislação
Artur Coimbra, diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), apresentou o Plano Nacional de Conectividade, que está sendo elaborado pelo Executivo para substituir os decretos que hoje regulam as políticas públicas do setor. Uma minuta da proposta irá a consulta pública, provavelmente na primeira quinzena de outubro. Serão priorizados, segundo ele, os municípios que tenham maior número de habitantes e estejam menos conectados, a maioria nas regiões Norte e Nordeste. Guilherme de Paula, analista de infraestrutura do MCTIC, falou sobre o trabalho da Câmara de Internet das Coisas, colegiado que reúne mais de 50 instituições. Está previsto para a próxima semana, em São Paulo, o lançamento do Plano Nacional de Internet das Coisas.
Alberto Paradisi, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, criticou a prioridade dada à banda larga móvel, em detrimento da fixa:
- Na taxa atual de crescimento, se deixar que o setor privado resolva, o Brasil vai levar de 30 a 40 anos para incluir 80% a 90% da sua população. Temos tempo de aguardar isso? Como avançar? Reconhecendo o problema. Se o Brasil quiser resolver seu problema de longo prazo, tem que investir em fibra ótica. O metro de fibra custa menos que o cobre.

Do Jornal do Senado

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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Hidrelétricas da Cemig são vendidas por R$ 12 bilhões


O leilão de venda de quatro hidrelétricas realizado ontem pelo governo federal em São Paulo foi um sucesso mesmo com a névoa de insegurança criada pela Cemig, que tentou impedir a realização do certame até o último instante. Entre um lote e outro, as vozes dos poucos manifestantes contrários à privatização do lado de fora da B3 muitas vezes se sobressaíam em relação aos anúncios de abertura dos envelopes, mas isso não reduziu o interesse dos investidores pelos ativos ofertados. O governo conseguiu arrecadar R$ 12 bilhões em outorgas, ágio de R$ 1 bilhão em relação aos mínimo esperado.
O maior destaque foi a atuação da chinesa SPIC Overseas, que arrematou a concessão de São Simão, a maior das usinas ofertadas, e se comprometeu a pagar R$ 7,18 bilhões em outorga, ágio de 6,51% ante o montante mínimo estabelecido pelo governo, de R$ 6,7 bilhões.
Até então, a companhia tinha uma atuação discreta no Brasil, por meio da Pacific Hydro, que foi adquirida pela chinesa no começo do ano, e que opera dois parques eólicos no Nordeste, que somam 58 megawatts (MW) de potência. A SPIC Overseas, porém, vinha tentando se consolidar no Brasil há um certo tempo.
A companhia chinesa estava negociando com Odebrecht e Cemig a aquisição da participação das duas na megausina de Santo Antonio, no rio Madeira (RO), mas as tratativas foram suspensas há pouco mais de um mês por não haver um acordo sobre as condições da transação.
Depois de arrematar a concessão de São Simão ontem, no único lance pela hidrelétrica, a SPIC, que aparentava ter fôlego para levar todos os ativos licitados, retirou as propostas pelas demais usinas. Isso se explica pelo perfil das grandes empresas chinesas, que se concentram na gestão de grandes ativos, e não de médio porte como é o caso de Jaguara, Miranda e Volta Grande.
As três hidrelétricas ficaram com estrangeiras já veteranas no Brasil. A franco-belga Engie levou as usinas de Jaguara e Miranda, ao desembolsar, respectivamente, R$ 2,171 bilhões e R$ 1,36 bilhões por cada uma, ágio de 13,59% e 22,43. A italiana Enel também fez lances pelas duas usinas, mas foi derrotada. No caso de Volta Grande, a Enel foi a única a fazer oferta, de uma outorga de R$ 1,292 bilhão, prêmio de 9,85%.
"O leilão foi 100% bem-sucedido. Houve ofertas
pelos quatro lotes, e não era um leilão qualquer, o valor mínimo [da outorga] era de R$ 11 bilhões", disse Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil. Segundo ele, a expectativa não era de um "ágio estratosférico", justamente pelo valor mínimo já ser muito alto.
A avaliação de que a disputa foi um sucesso é compartilhada por Thais Prandini, diretora da consultoria Thymos Energia. "Claro, se o governo fizer aprimoramentos vai conseguir mais investidores [em outros leilões]. Mas foi considerado um sucesso, todas as usinas foram vendidas com ágio interessante", disse.
Até a noite de terça-feira, ainda havia incerteza se o leilão iria de fato ocorrer. O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou no fim daquele dia o pedido da Cemig para suspender a disputa. A estatal recorreu contra a decisão na manhã de ontem, mas o mérito ainda não foi apreciado.
O secretário especial da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos, lembrou ainda que há um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determinou que o leilão era o caminho "adequado" para as hidrelétricas.
Os riscos jurídicos associados às tentativas da Cemig de manter as concessões, impedir ou cancelar o leilão eram vistos como obstáculos ao sucesso do certame. Para advogados com atuação na área, a estatal mineira vai seguir tentando anular o resultado, mas ainda assim o risco é considerado pequeno. Isso porque já há um entendimento do STF de que não há guarida no argumento da companhia de que a renovação do prazo das concessões de São Simão, Miranda e Jaguara deveria ser automática, pois se trata de uma possibilidade e não algo mandatório.
O segundo ponto que leva os advogados a considerarem baixas as chances de sucesso de uma investida jurídica da Cemig contra o leilão é o fato de o certame ter sido bemsucedido. "Foi legítimo, não teve vícios, foi realizado de forma transparente e pública. O terceiro de boa-fé não pode ser afetado por um eventual pleito da Cemig", diz um especialista que pediu para não ser identificado. No limite, se for o caso, a estatal mineira poderia ser indenizada por perdas e danos se tivesse algum direito.
A avaliação de que a percepção de risco dos investidores era baixa também foi feita no Ministério de Minas e Energia. O secretárioexecutivo da pasta, Paulo Pedrosa, afirmou em entrevista à imprensa após o certame que "a resposta está dada pela presença dos investidores, que fizeram propostas concretas de valor significativo."
Os executivos que estavam representando as companhias vencedoras também ressaltaram não ver riscos. A presidente no Brasil da Pacific Hydro, controlada da SPIC, disse que a participação no certame mostrou a disposição da empresa de investir no país, assim como sua confiança nas instituições brasileiras, apesar da desconfiança quanto aos rumos das conversas entre a Cemig e o governo em torno de um acordo para tirar usinas da disputa.
Também presente ontem, Guanhua Li, diretorexecutivo do departamento de estratégia da chinesa, disse estar "feliz e confiante no Brasil como parceiro econômico no setor elétrico."
Em nota, o presidente da Enel no Brasil, Carlo Zorzoli, comemorou a vitória e disse que o leilão demonstrou que a italiana continua com uma estratégia de crescimento de longo prazo no país.
As duas empresas não quiseram comentar sobre as estratégias de financiamento para o leilão. Já a Engie declarou que vai utilizar o mercado financeiro. "Já temos bancos oferecendo [propostas]. Vamos buscar financiamento de custo baixo e prazo longo. Estamos discutindo detalhes com quatro ou cinco bancos", disse, ao Valor, Maurício Bähr, presidente do grupo Engie no Brasil. A companhia é controladora da Engie Brasil Energia.
Por Camila Maia, Fernanda Pires, Luciano Máximo e Rodrigo Polito, no Valor Econômico/BR

Estatal mineira deve focar na venda de outros ativos Marcos de Moura e Souza, Camila Maia e Fernanda Pires | De Belo Horizonte e São Paulo
Ao não conseguir participar do leilão das quatro hidrelétricas, a Cemig perdeu um terço da sua capacidade instalada. Mas também evitou aumentar ainda mais seu já elevado endividamento, o que sempre preocupou os investidores. Desde que a estatal mineira divulgou seu plano de venda de ativos, não chegou a anunciar nenhuma operação relevante, apenas intenções. Se a companhia conseguisse financiamento para pagar a outorga bilionária das usinas, a mensagem ao mercado seria contraditória e danosa à imagem da companhia.
O lado negativo da devolução definitiva das usinas - que estão sendo operadas pela Cemig desde o início do ano por uma receita para manutenção dos ativos - será um faturamento menor em comparação com a registrada até o fim de 2016. Até então, a estatal vinha explorando as hidrelétricas sem contratos, liquidando a energia no mercado livre.
Segundo Adézio Lima, diretor financeiro da Cemig, a tarefa da empresa será conseguir manter lucros equivalentes aos de antes da perda das usinas. Investimentos em geração eólica ou compartilhada não darão à empresa - ao menos no curto e médio prazo -a mesma capacidade de geração. "Não há mais espaço no Brasil para novos parques de geração hídrica."
Mesmo sem essas hidrelétricas, a companhia continua relevante no setor elétrico. Deixará de ser a segunda maior elétrica em termos de potência instalada, mas ainda tem um parque gerador considerável, atuação forte em transmissão de energia, sem falar na concessão de distribuição em quase todo o Estado de Minas Gerais. Além disso, a Cemig tem atuação em outras áreas, como a Gasmig, a Cemig Telecom, e uma área crescente de distribuição, sem falar nas participações na Light e na Renova Energia.
O desafio agora é fazer o dever de casa, e cumprir finalmente o plano de venda de ativos.
Segundo Lima, entre abril e maio de 2018 a Cemig já deve ter em seu caixa valores referentes à venda da Light e da Renova. "No caso da Light, há seis investidores fazendo análise da empresa e no caso da Renova, a Brookfield [gestora de ativos] está fazendo o due diligence para em seguida discutir uma proposta", disse.
Outra operação importante e que parecia avançada perdeu embalo. Era a venda da fatia que a Cemig detinha na usina de Santo Antônio, em Rondônia. Os chineses da SPIC e a Cemig, disse Lima, já estavam na fase de fechamento de detalhes do contrato quando as negociações mudaram e foram suspensas há mais de um mês.
Em relação às hidrelétricas licitadas ontem,
Lima disse que a Cemig calcula que tem a receber R$ 5 bilhões em indenizações por investimentos não amortizados. "O governo nos propôs R$ 1,25 bilhão." Lima contou ainda nunca ter acreditado que o governo federal tinha interesse em negociar um acordo. "Eu era muito cético. Eles enrolaram a gente o tempo todo. Queriam negociar, negociar e nunca aceitavam [de fato as condições de conversa]", disse. A Cemig, informou ele, vai continuar brigando na Justiça pelo que acredita ser seu direito de renovar por mais 20 anos as concessões de Jaguara, Miranda e São Simão.
Governo festeja, mas bancada de Minas ameaça reformas Raphael Di Cunto, Marcelo Ribeiro, Marcos de Moura e Souza, Edna Simão e Fábio Pupo | De Brasília e Belo Horizonte
O governo reagiu com empolgação ao resultado do leilão das usinas hidrelétricas da Cemig, dizendo que demonstra a retomada da confiança no país, enquanto parlamentares da base aliada e da oposição, que cobravam a manutenção da estatal como operadora das instalações, se uniram nas críticas à "falta de consideração e respeito com Minas Gerais" e afirmaram que, embora tenha negociado, o governo federal nunca esteve aberto ao acordo.
Vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada de Minas Gerais no Congresso, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) divulgou nota contra a equipe econômica e disse que, com esse pensamento, a reforma da Previdência não será aprovada. "Estamos diante de um governo que só pensa nos bancos. Temos um ministro que só pensa em banco e como eles vão continuar a ganhar dinheiro. Isso é claramente visível pela adoção da política de elevadas taxas de juros que enriquece alguns e relega o povo à pobreza e ao desemprego. Ao não investir em infraestrutura o governo escolhe não empregar os brasileiros", afirmou. Segundo Ramalho, a bancada mineira e a Cemig tentarão impedir que o resultado do leilão de confirme com ações na Justiça.
Para o deputado Leonardo Quintão (PMDBMG), a decisão do governo pode ter consequência sem votações relevantes do Congresso. "Todos estão muito insatisfeitos", disse. O grupo já se dedica a impedir outra venda, a do controle da Eletrobras e de Furnas para a iniciativa privada, com o lançamento de uma frente parlamentar com toda a bancada de Minas.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), criticou o governo do presidente Michel Temer (PMDB), dizendo que tentou negociar com a União, "mas não encontrou espaço". "O tempo dirá se a decisão do governo federal foi a mais correta para o país. Para Minas Gerias com certeza não foi", disse, em vídeo no Facebook. O petista ainda politizou ao lembrar que o assunto poderia ter sido resolvido por seu antecessor, o exgovernador e hoje senador Antônio Anastasia (PSDB), que rejeitou o acordo com a expresidente Dilma Rousseff para reduzir o valor da tarifa de energia em 2012 em troca da prorrogação automática das concessões por 20 anos.
Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) comemoraram, com mensagens no Twitter, o resultado do leilão. De Londres, Meirelles disse que o sucesso na venda das usinas de Volta Grande, São Simão, Jaguara e Miranda "confirma a trajetória de recuperação da economia do país". "A retomada da economia começa a dar frutos também ao criar ambiente para a atração dos investimentos estrangeiros', afirmou.

Já Dyogo disse que o resultado e ágio do leilão foram "satisfatórios e dentro das expectativas". "Resultado do leilão reforça que governo tem adotado projeções seguras a respeito das receitas", afirmou, acrescentando que "a participação de diferentes grupos internacionais demonstra confiança na economia do país". Nenhum dos dois comentou as críticas da bancada mineira.


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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A transformação da governança no Brasil


O Brasil encontra-se no meio de uma transformação com potencial de mudar significativamente sua governança. A maioria dos observadores concorda que o país não será o mesmo depois da operação Lava-Jato. No cerne dessa transformação está o fim da impunidade para políticos e para a elite econômica do país e a demanda dos cidadãos por melhores serviços e um governo mais transparente. Essa transformação pode mudar os estímulos para os políticos e traz consigo a oportunidade de um Brasil onde os esforços são recompensados mais do que as conexões, e onde serviços de qualidade estejam disponíveis para todos e não apenas para poucos privilegiados. Um Brasil com boa governança pode gerar os resultados almejados por toda a sociedade: cidadãos livres da ameaça de violência (segurança), promoção do crescimento e prosperidade compartilhada (equidade). Esse Brasil tem todas as possibilidades de alcançar os países de alta renda e romper o ciclo de baixa produtividade que já dura trinta anos.
Para chegar lá, no entanto, o país precisa enfrentar vários desafios. A impunidade entre os políticos precisa acabar e as investigações devem seguir sem interferência política. Ao mesmo tempo, as instituições de controle precisam abrir espaço para que servidores públicos honestos possam agir sem medo. Isso significa ir além das verificações de conformidade formal para enfatizar também os resultados e o desempenho. O Estado de direito depende de um equilíbrio cuidadoso entre os poderes do Executivo e os dos órgãos de repressão ao crime. O Brasil ainda busca esse ponto de equilíbrio, necessário não apenas para o fortalecimento das instituições democráticas do país, mas também para criar as condições para o crescimento econômico.
As exigências dos cidadãos por serviços melhores e mais transparência estão levando a uma redução da tolerância a privilégios e a tratamentos especiais dispensados a grupos de interesses específicos. O teto de gastos aprovado pelo Congresso no fim de 2016 talvez seja uma forma de atar as mãos dos políticos para que a natureza de suas escolhas (tradeoffs) seja conhecida pela população. Outras reformas microeconômicas, como a TLP, estão reduzindo as oportunidades de buscar privilégios e subsídios. Essas reformas precisam continuar para facilitar a transição de uma política baseada na troca de favores para o foco em resultados. Não é fácil, mas é o caminho para a boa governança.
É nesse contexto que o Banco Mundial organiza na quinta-feira um workshop sobre Governança e Desenvolvimento, em conjunto com a Câmara dos Deputados e o Tribunal de Contas da União. O workshop oferece a oportunidade de aprender com as experiências globais de superação de restrições ao desenvolvimento causadas pela governança. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Mundial (WDR na sigla em inglês) de 2017, elaborado pelo Banco Mundial, os seguintes elementos-chave caracterizam as experiências bem-sucedidas:
» O aumento do nível de ensino e a melhoria do padrão de vida podem empurrar o equilíbrio político na direção de um governo mais transparente e responsável. Cidadãos ativos e informados tendem a exigir serviços de maior qualidade.
» A mudança acontece quando se alteram os incentivos daqueles que detêm o poder para que entreguem serviços melhores e mais inclusivos. Os políticos mudam quando enxergam benefícios na mudança. E essa crença pode ser autorreforçada, levando a uma nova forma de se fazer política.
» Os políticos e os cidadãos também precisam entender que ninguém está acima da lei. Porém, o Estado de Direito precisa ir além do cumprimento e da aplicação da lei. Os servidores públicos precisam de autonomia para produzirem resultados.
» As transformações mais bem-sucedidas de governança são baseadas no diálogo mais do que no confronto e, na maioria das vezes, demandam que esse diálogo seja constante para que as transformações não se percam.
Transparência e responsabilização (accountability) estão no cerne de todas as transformações de governança, ainda que instituições específicas não possam ser facilmente copiadas. A atual transformação da governança no Brasil já está gerando lições significativas para outros países e pode, no futuro, ser uma vantagem competitiva. É importante que ela seja concluída com sucesso, não apenas para o Brasil, mas para a região e o mundo inteiro.

Por Deborah Wetzel (Diretora Global de Governança do Banco Mundial) e Martin Raiser (Diretor do Banco Mundial), no Correio Braziliense


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Para aproveitar o tempo, selecionamos títulos para os mais variados públicos - de crianças a amantes de literatura.

No descanso, divirta-se a valer, descanse, recarregue as baterias. Não deixe de colocar a leitura em dia, cuide de manter atualizada a sua biblioteca e – jamais se esqueça, o bom presente é aquele que ensina uma lição e dura para sempre; por isso, habitue-se a adquirir livros também para presentear.

Veja a seguir as nossas sugestões de leitura. Basta clicar no título desejado e você será levado ao site com mais informações:

1) Coleção Educação, Teatro e Folclore
Dez volumes abordando 19 lendas do folclore brasileiro.


2) Coleção infantil
Dez volumes abordando temas variados do universo infanto-juvenil.


3) Coleção Educação, Teatro e Democracia
Quatro volumes abordando temas como democracia, ética e cidadania.

4) Coleção Educação, Teatro e História
Quatro volumes abordando temas como independência e cultura indígena.


5) Coleção Teatro greco-romano
Quatro volumes abordando as mais belas lendas da mitologia greco-romana.


6) O maior dramaturgo russo de todos os tempos: Nicolai Gogol – O inspetor Geral


7) O maior dramaturgo da literatura universal: Shakespeare – Medida por medida


8) Amor de elefante


9) Santa Dica de Goiás


10) Gravata Vermelha


11) Prestes e Lampião


12) Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski


13) Amor e ódio


14) O juiz, a comédia


15) Planejamento estratégico Quasar K+


16) Tiradentes, o mazombo – 20 contos dramáticos


17) As 100 mais belas fábulas da humanidade

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A criação de um robô para fazer varredura diária de irregularidades em editais de licitações


O Tribunal de Contas da União apresentou no dia 25/9, a robô Alice, ferramenta utilizada há cerca de 10 meses para identificar irregularidades em licitações e pregões eletrônicos da administração federal. Acrônimo de 'análise de licitações e editais', Alice vasculha diariamente o Diário Oficial da União e todos os editais e atas inseridos no Comprasnet, o portal federal de aquisições.
'Todos os dias o sistema Alice entra no site do Comprasnet e coleta arquivos e dados de todas as licitações e de todas as atas de realização de pregão publicadas. A partir do texto do edital ele faz a obtenção do valor estimado da licitação. Outro critério importante é o risco da licitação. Para isso fazemos nove análises de texto, com foco em restrição de competitividade na habilitação. Como por exemplo, a exigência de uma certidão indevida', explica a auditora do TCU, Valéria Nakano.
O sistema também faz cruzamentos de dados de fornecedores - a partir da ata de realização do pregão, são feitos 23 cruzamentos de informações com busca de irregularidades, na prática um script SQL que roda sobre bases estruturadas. É um caminho para encontrar, por exemplo, alguém impedido de contratar com a União. Ou ainda, empresas concorrentes mas que possuem sócios em comum.
'Alice veio para resolver um problema recorrente de termos muitas tarefas para fazer e prazo muito curto para agir. Em licitações, os problemas começam pelo número grande de órgãos fazem e pela quantidade que já chega a 60 mil licitações por ano, mais de 200 por dia. Além disso, hoje a grande maioria das licitações são por pregões eletrônicos. E neles a dificuldade de tempo é ainda maior. Porque a fase pública da licitação é o momento mais oportuno para o auditor agir, mas nesses casos é questão de 15 a 30 dias', diz o também servidor do TCU Edans Sandes.
Até aqui Alice já analisou mais de 100 mil editais. Rio de Janeiro e estados do Nordeste já estão usando os resultados do painel para as fiscalizações. Em Goiás, o Tribunal de Contas, via Alice, descobriu que o DNIT estdual publicou dois editais, de R$ 39 milhões, para manutenção da BR 153, mas em trechos que estão sob concessão - portanto com manutenção a cargo da concessionária.
'Em dois meses, um Acórdão bloqueou essas duas licitações. Mas esse é só um exemplo. Em vários outros casos sequer foi aberto um processo. Significa que a atuação de controle foi adotada na melhor situação, tempestivamente, com baixo custo, em que um mero contato telefônico, um email ou um ofício resolveu', afirma Valéria Nakano. A robô é um dos 20 casos de uso prático de análise de dados apresentados no terceiro seminário sobre o tema em uma parceria entre TCU e Controladoria Geral da União, que aconteceu em Brasília.

Convergência Digital/SP


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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Justiça Federal cancela R$ 7,7 bilhões do Fundef


Justiça Federal cancelou o repasse de R$ 7.766.899.316,06 do Fundo de Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) aos municípios do Maranhão. O município de São Luís teve cancelado um total de R$ 471.135.072,11. Em Imperatriz, o montante foi de R$ 227.500.705,48. Belágua, município maranhense com um dos menores índices de Desenvolvimento Humano (IDH), teve suspenso R$ 14.490.885,83. Dadosdo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a incidência de analfabetismo é de 52,11%. A decisão foi anunciada na última sexta-feira (22), após o desembargador federal Fábio Pietro, do Tribunal Regional Federal da 3a Região (TRF-3) ter paralisado todas as execuções contia a União, movidas por centenas de prefeituras, em todo o país. O ex-presidente do TRF-3 mandou, ainda, a Procuradoria Geral da República instaurar investigação contra os prefeitos para apurar eventual improbidade administrativa.
Os prefeitos estão cobrando diferenças de repasses do fundo a partir de condenação da União em ação civil pública proposta em São Paulo, em 1999, pelo Ministério Público Federal (MPF). O governo federal teria depositado menos do que deveria para a educação dos municípios de 19 estados. Após o trânsito em julgado da ação civil pública em que a União foi condenada, centenas de municípios estão a requerer, individualmente, em juízos diferentes pelo país, a execução da condenação, que pode alcançar mais de R$ 90 bilhões.
Para evitar o rombo bilionário nas contas, a União impetrou ação rescisória na Justiça Federal para impedir o pagamento das verbas e dos honorários. O desembargador federal Fábio Pietro, relator da ação rescisória, em decisão liminar, acolheu as teses da União no sentido de que o juiz prolator da condenação não tinha competência para o julgamento, nem o MPF poderia atuar como defensor dos municípios.
Prieto registrou que a jurisprudência é pacífica no sentido de que o juízo competente para a apreciação de ação civil pública é o do local do dano. ‘São Paulo nunca precisou receber verba de complementação da União', escreveu. “Pelos critérios da Presidência da República ou da própria tese proposta na petição inicial.
Valores cancelados em São Luís da ação civil pública, o Ministério Público Federal nunca provou que São Paulo foi vítima de dano”, completou. Além disso, o desembargador federal registrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeita ‘ações espetaculares', propostas perante juizes manifestamente incompetentes.
Fabio Pietro ressaltou que a ProcuradoriaGeral da República (PGR) considera indício de falta disciplinar dos integrantes do MPF a propositura de ação civil pública perante juizes manifestamente incompetentes. Para o desembargador federal, não cabe a juizes e integrantes do MPF a violação do regime de competências, sob pena de configuração da prática de justiça por mão própria.
O magistrado ressaltou que a ação civil pública não deveria ter sido sequer processada, porque a doutrina, o STF e a PGR rejeitam, no Estado Democrático de Direito, o “promotor de encomenda” ou “promotor de exceção”. Para a concessão da liminar, Prieto registrou que os prefeitos, sem aparente justa causa, assinaram contratos bilionários com escritórios de advocacia, quando poderiam obter, de modo gratuito, a execução do julgado. O expresidente doTRF-3 mandou, ainda, a Procuradoria-Geral da República instaurar investigação contra os prefeitos, para apurar eventual improbidade administrativa.
Sem pagamento da “taxa de sucesso"
Na prática, a decisão barra o pagamento de honorários a escritórios de advocacia que cobraram 20% de "taxa de sucesso", ou taxa de êxito na ação, no processo de execução de 110 municípios do Maranhão contra a União. Esses 20% seriam em cima de tudo que os municípios receberiam, totalizando mais de R$1,4 bilhão.Os Ministérios Públicos também apresentaram ao TCU documentos que indicariam grandes indícios de irregularidade nos mais de cem contratos com os municípios maranhenses.
Desvio de finalidade com recursos do Fundef
Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) apreciou a representação feita pelo Ministério Público de Contas do Maranhão (MPC-MA), Ministério Público do Estado do Maranhão (MPE-MA) e Ministério Público Federal (MPF) sobre a aplicação dos recursos do Fundef via precatórios. Por unanimidade, o TCU considerou desvio de finalidade o pagamento de honorários com recursos do Fundef e já está fazendo levantamento dos municípios nessa situação, pois vai instaurar Tomada de Contas Especial (TCE) contra prefeitos e advogados que contrataram irregularmente e que receberam indevidamente, com vistas à recomposição do Fundo.
O Tribunal de Contas da União decidiu, ainda, em processo relatado pelo ministro Walton Alencar Rodrigues, que os recursos devem ser empregados integralmente na educação e que não pode haver pagamento de advogados com recursos do Fundef. No voto, o relator ratificou a competência do TCU para apreciar e julgar a aplicação desses valores repassados a título de complementação do Fundo, mas assentou que cabe ao respectivo Tribunal de Contas Estadual apreciar a legalidade dos contratos firmados entre os municípios e os escritórios de advocacia.
Para o procurador-geral do Ministério Público de Contas do Maranhão (MPC-MA), Jairo Cavalcanti Vieira, a pertinente decisão do TCU vem confirmar a correção da atuação do TCEMA. “A atuação do TCE nesta questão foi exemplar, com uma análise ágil e precisa dos seus técnicos. A uniformidade de entendimento sobre o tema foi alcançada e as determinações de suspensão das contratações ocorreram sem demora. A decisão do TCU veio a confirmar que o que foi feito até aqui está correto. Tudo potencializado pelos demais parceiros da Rede de Controle, fundamentais para os resultados alcançados. Percebe-se um novo momento no combate à corrupção, em que os órgãos agem coordenadamente e preventivamente, impedindo a consumação de má aplicação de Recursos Públicos", enfatizou o procurador.

Por SAMARTONY MARTINS, em O Imparcial/MA


A caixa de Pandora


Prometeu rouba dos deuses e entrega aos homens a capacidade de controlar o fogo.

Assim inicia uma das mais pedagógicas e penetrantes lendas da mitologia clássica grega.

Tema central da peça teatral juvenil “A caixa de Pandora”, o mito procura explicar a existência da mulher e dos vários males que assolam o mundo. 

Júpiter, o deus de todos os deuses, engendra um sofisticado plano para vingar a ousadia de Prometeu. 

Então o soberano dos deuses encerra em uma caixa todos os males físicos e espirituais que poderiam corromper os homens e o mundo. 

Quando a caixa é aberta são liberados as doenças e sentimentos que atormentariam a existência da humanidade para todo o sempre.

Conheça esta lenda da mitologia greco-romana e compreenda as razões de ter chegado aos dias de hoje mantendo fascinante atualidade. 

A Coleção teatro greco-romano

A cultura greco-romana constitui a base da civilização ocidental. 



É impossível ao homem contemporâneo projetar seus passos em direção ao futuro sem antes mergulhar neste extraordinário passado, nos valores e paradigmas que – estruturados na antiguidade clássica – moldam sua forma de ser, agir e pensar.

Conhecer, portando, como os gregos e romanos estabeleciam suas relações políticas e socioculturais, nada mais é que desbravar o oceano fecundo e profundo onde repousam nossas origens e universo interior.

Mais estimulante é estabelecer essa abordagem adotando o teatro como linha mestra, como fio condutor dessa jornada histórica, dessa aventura épica. 

Antecedendo as peças teatrais, conceitos e relevantes informações auxiliam o leitor na empreitada. Atuam como um mapa do caminho, uma singela bússola, providencialmente disponibilizados para assegurar a tranquilidade da viagem. 

A Coleção Teatro greco-romano conta com quatro volumes. São quatro livros, quatro peças teatrais que abordam treze das mais importantes lendas da mitologia antiga: 

Livro 1: O mito de Sísifo;
Livro 2: O mito de Midas; 
Livro 3: A Caixa de Pandora; e 
Livro 4: O mito de Édipo. 

O conjunto permite compreender o universo peculiar da cultura greco-romana. Seus mitos, o imaginário coletivo, as relações políticas e de poder, as tramas e as tragédias antigas... É o universo clássico repercutindo diuturnamente a máxima de que os tempos são outros, os séculos e milênios prosperam, mas os valores individuais e coletivos, com ligeiras variações, permanecem, quase sempre, inalterados. 

As 13 mais belas lendas da mitologia clássica

As 13 lendas da mitologia greco-romana abordadas nas quatro peças teatrais:
1. Saturno;
2. Júpiter;
3. Vulcano;
4. Baco;
5. Sileno;
6. Minerva;
7. Apolo;
8. Sísifo;
9. Midas;
10. Prometeu;
11. Pandora;
12. Édipo e Jocasta;
13. Eteócles, Polinice e Antígona


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