quinta-feira, 15 de junho de 2017

"Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena"

EFE

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar! 


Os dólares do sacrifício

Quando o sapato aperta, o bolso morde e a esperança fica rarefeita, a solução para muitos se restringe à porta de saída. Literalmente.

Para responder aos ininterruptos períodos de crise institucional e financeira, para fugir do desenvolvimento marginal, dos indomáveis índices de desemprego, de uma torpe realidade inimiga dos sonhos, não poucos brasileiros se vêem na contingência de buscar outros destinos, singrar mares distantes, mirar rincões onde a vida não refugue as possibilidades da existência.

Houve tempo em que o espírito aventureiro era o grande motor capaz de promover uma mobilidade social dessa envergadura – verdadeiro processo social que nada deve a qualquer outro, posto que o número de brasileiros que emigram cresce vertiginosamente. Mas nos atuais dias de tormenta e borrasca, a força propulsora atende pelo nome de sustentabilidade econômica. É uma peleja derradeira para escapar da mediocridade, da vida vegetativa, insossa e miserável. Se é para embalar e perseguir os sonhos e os projetos de vida, então qualquer sacrifício vale a pena, até mesmo o de se deparar com a discriminação hedionda e a insana repressão das polícias-cães de fronteira. Mais, aqui.


Remessas enviadas por imigrantes para familiares crescem 51% em 10 anos
A quantidade de dinheiro que os imigrantes enviaram para suas famílias em países em desenvolvimento cresceu 51% durante os últimos dez anos, permitindo que milhões de pessoas saíssem da pobreza, indicou relatório apresentado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Ainda que as remessas enviadas tenham registrado aumento em quase todas as regiões do mundo, o salto é principalmente consequência da grande alta registrada na Ásia - 87% neste período.
Os cálculos do Fida indicam que mais de 200 milhões de trabalhadores imigrantes ajudam atualmente 800 milhões de familiares. Para 2017, a agência da ONU prevê que uma de cada sete pessoas no mundo participe do envio ou atenda clientes interessados em remessas, cujo valor total supera US$ 450 bilhões.
O Fida indica que as receitas desses trabalhadores são de US$ 3 bilhões. Do total, 85% do dinheiro fica nos países que os acolheram. As remessas equivaleriam apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) das nações onde esses imigrantes atuam, segundo a organização.
No entanto, em conjunto, essas remessas representam mais do triplo da soma da assistência oficial para o desenvolvimento. Também superam o total de investimentos externos diretos (IED) recebidos por quase todos os países com níveis baixos e médios de IED, indicou o relatório, que destaca a importância do dinheiro.
"A questão não é tanto o dinheiro que se envia aos países de origem, mas sim o efeito que essas remessas têm sobre a vida das pessoas", indicou em nota o presidente do Fida, Gilbert Houngbo.
"A pequenas somas de US$ 200 ou US$ 300 dólares que cada imigrante envia para sua família representa cerca de 60% das receitas desse lar, o que tem enorme importância para a vida dessas pessoas e para as comunidades que elas vivem", explicou.
Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia são os três países que lideram o ranking de dinheiro enviado por imigrantes. Enquanto a China, a Índia e as Filipinas são os principais receptores.
Em conjunto, a Ásia recebe mais da metade do dinheiro enviado para casa pelos imigrantes. O Brasil, apenas em 2016, foi destino de US$ 2,74 bilhões em remessas, segundo o relatório.
Os custos pelas transações para o envio dessas remessas superam anualmente os US$ 30 bilhões e são especialmente elevados quando os destinatários estão nos país mais pobres e em zonas rurais remotas.
O Fida apresentou o relatório na véspera do início do Fórum Mundial sobre Remessas, Investimento e Desenvolvimento, que será realizado entre amanhã e sexta-feira na sede da ONU.
EFE

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O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:


A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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