quarta-feira, 21 de junho de 2017

Carência de projetos causa prejuízos


Se existe uma área no governo brasileiro que nunca funcionou a contento, sem dúvida, é a de planejamento e projetos. Pior: a deficiência é histórica e tem acarretado prejuízos incontáveis aos contribuintes. Falar em projeto executivo em todas as etapas de uma obra exigiria, no mínimo, prever todos os custos até o último parafuso. Mas isso é coisa de outro mundo para nossos governantes. Planejamento com esse nível de detalhe nunca foi realizado. O resultado é que o custo final da obra seria suficiente para erguer duas ou mais construções. Vale lembrar que às obras abandonadas não faltaram Recursos Públicos para as empresas responsáveis.
De certa forma, isso denota também um tipo muito peculiar de corrupção e que, obviamente, acaba debitado na conta dos pagadores de impostos. Não se conhecem ainda estudos que mostram a correlação entre a falta de projetos detalhados e os prejuízos decorrentes para os brasileiros. Todavia, à guisa de exemplo, tomese duas situações bem atuais ocorridas aqui na capital que demonstram o quão carente ainda somos quando o assunto é planejamento.
Apenas nos últimos anos, o Distrito Federal deixou de receber do Fundo Constitucional (FCDF) R$ 480 milhões justamente por não ter realizado os projetos destinados à segurança da capital. Dessa forma, o dinheiro, que poderia ser utilizado para atender demandas do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Civil, não pôde ser empregado nessas áreas, embora sejam mais do que conhecidas as carências em segurança.
O pior é que a falta de projetos e de transparência na utilização de recursos obrigou o Tribunal de Contas da União (TCU) a retirar do GDF a gestão desse Fundo. Noutro caso, o GDF deixou de receber R$ 415 milhões, que seriam destinados à compra de 10 trens para a Linha 1 do Metrô-DF, mais 10 veículos leves sobre trilhos (VLTs), além de finalizar as obras das estações 104, 106 e 110 Sul.
Os dois valores somam R$ 1 bilhão, desperdiçado pela falta de projetos e de documentação necessária. Trata-se de uma incompetência difícil de ser aceita para uma cidade carente de segurança, de transporte de massa e, sobretudo, de recursos. Não tem explicação.

Por Ari Cunha, no Correio Braziliense