quarta-feira, 22 de abril de 2009

Excesso de servidores???


O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada não precisou de muito esforço para chegar a conclusão – para muitos surpreendente - de que a máquina pública brasileira não está inchada. Quando chegou o instante de cotejar os dados nacionais com os dos países desenvolvidos e com os dos vizinhos latino-americanos, a verdade se revelou eloqüente e demolidora: a proporção de servidores públicos na faixa da população economicamente ativa é uma das menores, exatos 10,7%.

A ressurreição dos mortos

O Presidente Luiz Inácio conseguiu ressuscitar muitas personalidades políticas, ilustres figuras que a história havia erradicado do panorama nacional. Após exumá-los, garantiu-lhes a seiva da vida, e ei-los, vívidos e despertos, assombrando-nos dia e noite, fazendo com que Freddy Krueger e Charles Manson pareçam inocentes figuras de animação das mais cândidas estórias infantis.

Renan Calheiros, Delfin Neto, José Sarney, Collor de Mello...

O último, por exemplo, fez história tecendo a figura do ‘caçador de marajás’, com o que galvanizou a opinião pública conseguindo expressiva vitória nas eleições presidenciais. Não demorou e a população percebeu o engano cometido, e do mesmo modo que o presenteou, o expulsou do cargo mais importante da República.

Como o mundo dá muitas voltas, ei-llo de volta - conduzido com o apoio do Presidente Luiz Inácio - à presidência de uma das comissões mais importantes do Senado Federal.

Collor de Mello se fez reverberando um antigo paradigma, de todo falso, mas que se incrustou no imaginário popular, a de que o país tem um contingente inesgotável de servidores públicos, que abarrotam os escritórios das repartições públicas exaurindo os recursos da nação, num desperdício que avilta face às dificuldades de cada brasileiro. Seriam parasitas, apaninguados, marajás que não trabalham e nada produzem, e que só comparecem ao serviço – quando comparecem – no dia do pagamento, para assinar ponto e recolher o salário de sultão. Este é o cenário construído ao longo de séculos de história, que Collor soube explorar como nenhum outro. E que os estudiosos da administração pública sempre souberam falso. Porque o Brasil jamais teve excesso de servidores, e a massa salarial sempre foi diminuta, mesmo de envergonhar frente à remuneração que percebe os dos países vizinhos. À base de muita oratória, lorota, e super-exposição, a população foi levada a tomar as exceções como regra geral.

Agora, mais uma vez, estudo do Ipea demonstra, com todas as letras, que esta história de ‘inchaço na máquina pública’ não passa de proselitismo na boca de políticos oportunistas e mal intencionados.

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada não precisou de muito esforço para chegar a conclusão – para muitos surpreendente - de que a máquina pública brasileira não está inchada. Quando chegou o instante de cotejar os dados nacionais com os dos países desenvolvidos e com os dos vizinhos latino-americanos, a verdade se revelou eloqüente e demolidora: a proporção de servidores públicos na faixa da população economicamente ativa é uma das menores, exatos 10,7%.

Países desenvolvidos como Suécia e Dinamarca, apresentam índices três vezes superiores ao do Brasil. Nos países escandinavos, mais de 30% da população ocupada trabalha para o estado.

No país mais desenvolvido do planeta, os Estados Unidos, onde a livre iniciativa e o mercado são referências estruturais, o percentual é de 14,8%.

Quando o pesquisador Fernando Augusto de Mattos, responsável pelo estudo, acessou os dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – Cepal – percebeu que, comparativamente aos vizinhos, o Brasil ocupa uma posição bastante modesta, o 8º lugar. Na Argentina, a proporção dos servidores públicos em relação ao conjunto da população fica na casa dos 16,2%; no Paraguai, 13,4%, e no Panamá, primeiro do ranking 17,8%.

Quando a comparação é efetuada com os países tidos como emergentes, fica ainda mais evidente que o Brasil necessita de mais servidores públicos. Na Índia, por exemplo, a proporção é de 68,1%, e na África do Sul, 34,3%. Ainda que se retire a Índia - sempre envolta com gravíssimas questões de segurança interna, terrorismo, guerra e disputas étnicas - os indicadores de todos os demais países demonstram que, no Brasil, o assunto está mais que distorcido, enviesado.

A verdadeira questão está categoricamente demonstrada: não ocorre excesso de servidores públicos, situação que jamais existiu no país; e sim concentração deles, lotados que estão nas capitais e grandes cidades, fazendo com que um sem número de núcleos urbanos fique no prejuízo, carentes dos agentes públicos que possam prestar os serviços que a sociedade demanda. E nesta situação, sofrem mais os mais pobres.

Mas esta é uma verdade que não interessa aos políticos, não os de má índole, os que se acostumaram a distorcer, embair, tergiversar, apregoando mentiras e mais mentiras como estratégia para a perpetuação no poder.

É isso. Claro assim. Não fosse, o que poderia então significar a ressurreição – com pompa e circunstância - de Renan, Collor e Sarney?

A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são produções originais de Antônio Carlos dos Santos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Entrevista com o criador

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(...)
Humilhas, avanças, provocas, agrides, espancas, torturas, aprisionas indefesos – e quem bate e violenta é a tropa de choque?
Te tornaste carne, sexo e prostituta de incubo de Saturno –
e ensandecidamente acusas o outro de estupro? (...)

Leia o poema Uma oração para canalhas clicando aqui.

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Entrevista publicada no jornal da Universidade Estadual de Goiás (Jornal do Cerrado), edição nº 188, de 28 abril a 11 de maio de 2.006.

Quasar k+: uma nova metodologia de planejamento que interage a estratégia às manifestações artísticas.

Antônio Carlos dos Santos é dramaturgo e pós-graduado em planejamento e políticas públicas. Aglutinando esses referenciais teóricos, criou uma tecnologia exclusiva de gestão, denominada Quasar k+. Dos conhecimentos adquiridos na universidade - onde cursou engenharia civil e especializações - e da experiência obtida no exercício profissional, Antônio Carlos extraiu o conhecimento científico; e do fazer teatral extraiu a leveza, a inquietação, a observação meticulosa, a efervescência criativa, a obstinada corrida em busca do novo, condições que só a arte, em sua mais profunda dimensão, pode possibilitar. Como planejador, o criador da inovadora metodologia já atuou em diversas instituições públicas no centro oeste, se destacando os serviços prestados como consultor do PNUD, um dos braços operacionais da Organização das Nações Unidas. Como professor universitário ministrou aulas em Palmas, Goiânia e Brasília. No teatro já escreveu mais de duzentas peças teatrais, publicou sete livros, destacando-se a coleção em CD-Rom, Brincando de Teatro, em 37 volumes. Nesta entrevista, o autor expõe sobre a sua mais nova produção, a tecnologia Quasar K+ de planejamento estratégico, que será lançada no dia 29 próximo, às 9:00h na Universidade Estadual de Goiás, unidade Laranjeiras, em Goiânia, como parte dos eventos comemorativos dos sete anos de criação da UEG. Da entrevista participaram Luiz Alberto Queiroz, João Aquino, Carlos Willian e Rubens Santos.

P – Antes de abordar a nova metodologia, essa de sua lavra, vamos conversar um pouco sobre planejamento. O planejamento pode tudo?

Os céticos costumam afirmar que fosse o planejamento algo sério e conseqüente teria evitado a débâcle do império soviético, haja vista que lá se originou de forma efetiva o planejamento de Estado. Já os entusiastas, os eufóricos adeptos dessa ferramenta, afirmam que, não fosse a função planejamento, os países da cortina de ferro – carcomidos e apodrecidos por dentro – teriam desmoronados a muito mais tempo. A experiência comprova que as posições extremadas quase sempre não resistem a uma análise crítica mais estruturada. Estão muito mais ancoradas na paixão, no voluntarismo do que no raciocínio lógico. Por isso é necessário manter sobre tudo certo distanciamento, um distanciamento crítico, que nos mantenha vinculados aos marcos da realidade, da razão, da investigação, da reflexão analítica. Trocando em miúdos: nem tanto o céu, nem tanto a terra. O que podemos asseverar com rigor científico é que o planejamento é um sistema aberto; um sistema convém repetir, nada mais, nada menos. Não é uma panacéia, a poção mágica para todos os males das organizações e da humanidade.

P – Mas é assim que muitos procuram vendê-lo.

O Planejamento jamais será uma panacéia ao qual se possa atribuir o poder divino de resolver todos os males da terra, de untar e dar solução a todos os problemas das pessoas e das instituições. Como também não será jamais a desdita, a perfídia, o traidor das causas nobres e das esperanças coletivas, o instrumento de ilusionismo. Não se trata de condenar ou absolvê-lo. Como todos os demais instrumentos possibilitados pela evolução do conhecimento humano, o planejamento será um bem ou um mal dependendo do uso que dele fizermos, da metodologia adotada, do tipo de implementação, da qualidade do compromisso dos atores envolvidos ...

P – Então como se certificar de que o estamos utilizando corretamente?

O correto é criar um ambiente adequado, um contexto propício à implantação dessa ferramenta. Primeiramente é necessário que a alta direção da organização esteja plenamente convencida da necessidade, da premência de se utilizar o planejamento. Num paralelo, sabemos que quem exerce o comando sobre os órgãos e os membros do corpo humano é a cabeça. Nas instituições também é assim. Quando estamos implantando um sistema de planejamento, seja ele estratégico, tático ou operacional, quanto mais elevado for o grau de envolvimento e compromisso da direção superior da instituição, maiores serão as possibilidades de sucesso. Quando o enfoque é o indivíduo e não a organização, o cidadão deverá estar convencido da importância da ferramenta, estar consciente de suas possibilidades e eficácia. A tecnologia Quasar K+ foi desenvolvida para auxiliar as organizações, mas também para responder as demandas individuais, para que as pessoas se programem, otimizem seus resultados, para que os cidadãos alcancem seus objetivos pessoais com menor dispêndio de tempo, esforço, mobilizando os recursos materiais e imateriais com parcimônia e equilíbrio. Tanto no plano das organizações como no da cidadania, os envolvidos devem estar convencidos dos benefícios que estarão por vir; de que o ônus e o sacrifício da caminhada – no caso, da implantação do planejamento - serão recompensados com a otimização do processo produtivo, seja ele qual for, e com a qualificação dos produtos e dos resultados. Ou seja, teremos condições de produzir mais e melhor aplicando menos insumos: menos tempo, menos recursos humanos, materiais e financeiros.

P – Mas existem outras, digamos assim, necessidades.

Claro. O real compromisso dos dirigentes é necessário, é fundamental, mas não suficiente. O segundo passo é dispor da tecnologia adequada, é ter às mãos um conjunto eficaz de procedimentos metodológicos que conduzam à definição de boas políticas, de diretrizes consistentes, de estratégias sustentáveis, componentes que conduzam à definição de objetivos e metas claros e precisos. Depois, é preciso assegurar que os atores estejam mobilizados e capacitados para receber, implantar e utilizar a ferramenta. Caso consigamos o efetivo compromisso da alta direção, um consistente processo de capacitação de todos os atores envolvidos, um manejo criterioso dos princípios e técnicas disponibilizadas, se esse conjunto de fatores for devidamente observado, então estarão criadas as condições para um desfecho satisfatório. Mas veja. Volto a insistir que o planejamento não deve ser visto como uma panacéia. Podemos alcançar as condições necessárias, mas acredito que jamais teremos à mão as condições suficientes. É que em qualquer processo ou atividade em que nos lancemos sempre estaremos sujeitos à uma gama de variáveis que jamais serão conformadas no todo.São as variáveis da incerteza, uma fragilidade inerente à essência, ao âmago da espécie humana.

P - Como diziam nossos avós, errar é humano.

Alguns sistemas procuram estabelecer margens admissíveis de erros ou defeitos: quinze, dez, cinco por cento de quebra na produção ou nos resultados. No período imediatamente anterior à explosão da nave espacial Columbia, a NASA estimava o risco de acidente no espaço em 1 para 100 mil. Logo após a morte dos sete tripulantes, o risco passou a ser de 1 para 100. Não se pode generalizar e nem estabelecer verdades absolutas. Em alguns setores isto pode ser assimilado em outros não. Qual a margem de erro admissível para um médico, uma parteiro que, ao realizar o parto, segurando o bebe de ponta a cabeça, deixa-o escorregar das mãos fazendo com que arrebente a cabeça no chão? Caso seja o seu filho, naturalmente nenhuma margem de erro será admissível. Às vezes o que determina o erro são fatores triviais, descuidos impensáveis. Em 1999 a nave Mars Climate Orbitre, um projeto de mais de 100 milhões de dólares, chocou-se contra o planeta vermelho. Você sabe a razão? É incrível: falta de padronização das unidades de medida. Alguns engenheiros utilizaram pés e outros metros. O fato é que seguramente, sem um planejamento eficaz, a margem de erro se torna maior, e muitas vezes foge do controle. O que faz o planejamento então? Monitora o sistema alimentando-o de nutrientes capazes de produzir resultados satisfatórios, mitigando erros e desvios, sobretudo através do investimento em ações preventivas. Um planejamento orgânico e estruturado nos conduz a um cenário menos vulnerável aos erros, menos sujeito às contingências da improvisação, por conseqüência, mais propício aos êxitos e acertos.

P – E quem deve planejar?

Em épocas passadas as atividades eram bastante estratificadas. Quem planejava não executava e quem executava não planejava. Hoje essa separação, essa visão compartimentada se tornou inaceitável, antiprodutiva. O novo paradigma é: quem planeja deve executar e quem executa deve planejar. Este cenário do planejamento nas mãos de uns poucos iluminados, enquanto a execução resta para a plebe ignária deveria representar uma página virada na história da humanidade, mas é uma realidade que teima em persistir nos dias atuais.

P – Mas porquê?

A resposta pode ser resumida em cinco letras: poder. Um dos mais estratégicos insumos do planejamento é a obtenção e tratamento de dados que levem à informação estratégica, aquela que concorre para a correta tomada da decisão, para a deliberação mais oportuna, mais consentânea com as necessidades. Informação é poder. E poder resulta em acessar melhores cargos, melhores salários, maior posição social e institucional. Não são poucas as vezes em que instituições são levadas a implantar sistemas ineficazes de planejamento, exatamente para que nada mude, para que os mecanismos de avaliação e controle não funcionem, para que os ajustes e correções não se processem e conseqüentemente pessoas e grupos mantenham suas posições e privilégios. Veja o que ocorre em boa parte do setor público. Não é vergonhosa a promiscuidade com que se processam as relações de parte considerável das instituições públicas com parte expressiva das instituições privadas? Apesar dos vultosos investimentos e gastos estatais na superestrutura de controle e fiscalização, os escândalos e denuncias de desvios e corrupção avolumam-se, tornam-se cada vez mais dramáticos, como numa ópera bufa. Tivemos a preocupação de incorporar na metodologia Quasar K+ um componente denominado radicalização da participação, que no frigir dos ovos é dotar o servidor, o empregado, o cidadão das condições efetivas para intervir com qualidade em qualquer processo que exija a tomada de decisão, seja estratégica, tática ou operacional.

P – O que acho interessante no planejamento é essa questão de lidar com o futuro.

É verdade. Toda a ação se direciona à construção do amanhã que se aspira. Quando diagnosticamos os cenários interno e externo, quando alinhavamos nossas políticas, diretrizes e estratégias, quando estabelecemos objetivos e metas a serem alcançados, desenhando nossos planos de ação, especificando as atividades a serem desenvolvidas, determinando a maneira mais correta de alocar recursos, disponibilizando meios e instrumentos adequados para a construção desse futuro desejável, então estamos lidando com o planejamento, estamos planejando. Observe que os artistas também lidam com o futuro de uma forma muito natural. Através de suas obras e da ficção conseguem antever o que está por vir. Essa é outra sacada da metodologia QuasarK+. Além de promover a radicalização da participação, estabelece uma ponte entre a ciência e a arte, entre a tecnologia do processo de gestão e a tecnologia do processo de criação artística, entre o método que permite a racionalidade científica e o caos – digamos assim – da criatividade artística que nos libera para as inovações e oportunidades futuras.

P – Como lidar com o acelerado ritmo das mudanças, esse ritmo meio louco imposto pelo mundo contemporâneo?

A mudança está na essência da natureza que nos envolve. Tudo no planeta, no universo é movimento. A velha canção ensina: atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Nem mesmo a morte física do indivíduo é capaz de impedir o movimento. É verdade que, com nossa morte física, o pensamento deixa de fluir. Agora – nesta reflexão - estou me referindo aos indivíduos, às pessoas. Pois sequer a morte é capaz de impedir que as transformações químicas continuem a se processar; nem por isso o corpo inerte deixa de interagir com a natureza. Esse movimento pela mudança continuada, pela transformação, o homem apreendeu da natureza. Séculos atrás Antoine Lavoisier, o precursor da química moderna concebeu sua Lei da Conservação da Massa: “na natureza nada se cria, nada se perde, apenas se transforma”. Na escalada evolutiva, o homem conseguiu exercer certo controle sobre as mudanças, direcionando esse esforço para a conquista de objetivos. Daí a permanente busca por instrumentos que auxiliem a nos manter distantes, ao largo do princípio da mão invisível. Trata-se de emprestar à esse processo toda a racionalidade lógica adquirida ao longo dos tempos com a progressão do conhecimento científico; sim, trata-se disso; mas também de dominar e utilizar as habilidades que só a arte, a explosão criativa conseguem disponibilizar.

P – Essa função do planejamento não está super avaliada?

Talvez em decorrência dos vendedores de ilusões, que não são poucos. Já nos referimos às limitações do planejamento, que não deve ser tomado como a panacéia capaz de dar solução a todos os problemas derivados da existência humana. Como poderíamos precisar isso? É simples: o planejamento é um sistema aberto, que municia e é retro-alimentado continuadamente. Compõe-se de partes interdependentes que, ajustadas convenientemente, conduzem as transformações sociais na direção e no sentido desejados. É quando se descortina a possibilidade do futuro ser diferente e melhor que o presente, como resultado direto da ação de variáveis causais específicas. É quando nos deparamos com o fato de que, se não podemos tudo, pelo menos podemos exercer um controle parcial sobre o conjunto de variáveis que determinam as mudanças.

P – Insisto na questão do diletantismo, que é a visão de muitos sobre o planejamento, fale um pouco mais sobre isso.

Veja. A partir do instante em que o planejamento agregou princípios como a racionalidade, a universalidade, a unidade, a flexibilidade, a inerência e a previsão, deixou de ser diletantismo.Passou a se situar no rol dos instrumentos imprescindíveis ao desenvolvimento do homem e de suas organizações. Isso está enfocado de uma maneira especial na metodologia Quasar. Diz um antigo ditado atribuído ao filósofo Sêneca: “não existem bons ventos para quem não sabe aonde quer chegar”. Do mesmo modo, jamais haverá metodologia de planejamento capaz de conduzir os que não conseguem identificar a direção e o sentido a seguir, o porto, o cais onde atracar.

P - E o PES, a tecnologia daquele auxiliar de Allende?

É a metodologia criada pelo Carlos Matus que foi ministro do Governo de Salvador Allende, no Chile. A partir dos anos 90, Matus passou a ministrar vários cursos no Brasil e deixou por aqui discípulos e admiradores. Na Venezuela ele criou a Fundação Altadir para divulgar o seu Planejamento Estratégico Situacional. Foi do PES que se originaram os modelos de planejamento implantados nos governos petistas de Brasília e Rio Grande do Sul. O PES é um sistema muito bem concebido e bastante eficaz porque não considera apenas o mercado, mas, sobretudo o jogo político, as relações econômicos, o embate social. Para estruturar sua ação, o PES concentra-se em problemas, identificados por meio de vetores descritivos, estabelecendo um conjunto de operações. É um sistema simples, mas bastante detalhista, o que levou o próprio Carlos Matus a promover adaptações, como o MAPP, que é o Método Altadir de Planejamento Popular. Esse detalhamento, por demais rigoroso, acabou emoldurando, engessando esta metodologia do Matus. O que foi implantado em Brasília e no Rio Grande, por exemplo, foram adaptações, porque a versão original é engolida, tragada pelo excesso de detalhes e procedimentos. .

P – Como você resumiria essa nova metodologia, a Quasar K+?

Denominei Quasar K+ a metodologia de planejamento estratégico que concebi e desenvolvi ao longo de mais de duas décadas de ensaios, experiências, observação metódica, investigação científica. A palavra Quasar é uma fonte gigantesca de energia cósmica. Procuramos extrair da palavra esse sentido de volume, intensidade, concentração, foco. Nossa metodologia tem essa dimensão. Procura acionar, despertar no indivíduo uma explosão interior que o leve a percorrer – com obstinação e criatividade - os caminhos que conduzem à plena cidadania. Incorporamos o que as demais metodologias oferecem, os fundamentos do planejamento, a elaboração dos diagnósticos interno e externo, a definição da missão e da visão de futuro, das políticas, diretrizes e estratégias, o delineamento dos objetivos e metas, o desenho do processo de avaliação, os planos estratificados em longo, médio e curto prazos, com tudo mais que isso implica: identificação e hierarquização das ameaças e oportunidades, adoção dos procedimentos com vistas a precisar, com maior eficiência e eficácia, a alocação de recursos. Isso é o que os melhores modelos disponíveis no mercado oferecem. O diferencial da QuasarK+ é encerrar tudo isso num contexto de ebulição da criatividade, criatividade que deixa todos abertos às inovações; criatividade que mantém a alma aberta às novas necessidades, aos novos desafios; criatividade que permite, no presente, adquirir a habilidade de esquadrinhar o futuro; criatividade que assegura condições para que o indivíduo possa exercer uma participação com qualidade, com a dimensão exigida pelos tempos modernos, uma participação cidadã, criatividade que enseja mobilizar para transformar. E o segredo é que fazemos isso sem complicação, de uma forma simples, agradável, instigante, provocativa, que logo conquista a cumplicidade dos atores envolvidos.

P – Mas qual é a sua fonte, onde você foi buscar a base, a principal referência para desenvolver a sua metodologia?

No quesito eminentemente técnico, minha principal fonte inspiradora sem dúvidas é a ZOOP - Zielorientierstes Planenvon Projekten - uma tecnologia alemã cujas iniciais significam Planejamento de Projetos Orientados por Objetivos. Sobre essa base assentei os pilares que levaram à QUASAR.

P – È o que a diferencia das demais metodologias disponíveis no mercado?

São muitos os pontos de diferenciação. Mas fundamente o que torna a QuasarK+ uma metodologia única, exclusiva, é a utilização da arte e do teatro como instrumentos de viabilização do que denominamos radicalização da democracia, radicalização da participação; e o foco na pessoa, no indivíduo, no ser humano, o sujeito de nosso processo de planejamento. .

P – Explique melhor.

Todas as metodologias, pelo menos as que se encontram em voga atualmente, apresentam pilares de sustentação curiosamente similares. O que praticamente as tornam variações sobre um mesmo tema. As mais modernas, como que para se adaptar aos novos tempos, agregaram os componentes da mobilização e participação comunitária, mas mantém, subliminarmente, dissimuladamente nas suas essências os mesmos paradigmas autoritários dos pacotes fechados, dos modelos prontos e acabados que se adquirem aos montes nos escritórios de consultoria. Colocam aqui e ali alguma coisa de interatividade para dissimular o viés autoritário de que se nutrem. Quando utilizamos o conceito da participação cidadã, estamos enfocando o homem em sua integralidade e não o realizador de tarefas, o gerador da mais valia. Por isso nosso horizonte é o homem engajado, provocador, capacitado a identificar os problemas e resolvê-los com eficácia, nosso foco é o homem-empreendedor.

P – E quanto à indústria do planejamento estratégico?

É uma indústria que movimenta fortunas e mais fortunas em recursos humanos e financeiros. De tempos em tempos, de forma artificial e oportunista, uma nova onda é criada. Desse modo, atuando na superfície, navegando na crista da onda, recauchutando modelos ultrapassados e extemporâneos, o mercado editorial e das empresas de consultoria se revigoram, e apresentam o velho com roupagem de novo e revolucionário. Já reparou que de tempos em tempos aparece uma metodologia, entre aspas, nova, revolucionária? E que os Institutos e Universidades, as empresas de planejamento e consultoria, as instituições públicas e privadas, o mercado editorial embarcam nessa onda para vender seus produtos e serviços, e os comercializam a preço de ouro? Ora é a Organização & Métodos, ora a informatização generalizada, ora a Reengenharia, ora os Cinco Esses, ora Erro Zero, ora isso, ora aquilo; ora aquilo, ora isso, de modo que a bola de neve se movimenta e não para jamais de se agigantar. O resultado é que indivíduos, empresas e instituições públicas e privadas se deixam arrastar à lona, à bancarrota, às vezes ao caos absoluto, por acreditarem no modismo, nas “inovações” de ultima hora, no “modernoso”.

P – Mas como ninguém consegue perceber isso?

Um substrato é criado para levar a sociedade a acreditar que sem esses modelos e aparatos, as organizações estariam fadadas ao desaparecimento. É a velha cantilena do bicho papão. Em nível das empresas e instituições privadas o discurso é que num mundo globalizado cada vez mais competitivo, quem não se “modernizar” será engolido pela concorrência. Quando se trata de empresas e instituições públicas, o discurso é se “modernizar” para tratar o cidadão como um cliente. Quanto aos indivíduos, enchem-no de abobrinhas e aleivosias tipo “capacitação permanente”, “formação continuada”, figuras que fora do contexto apropriado conduzem a lugar algum.

P – E enquanto isso ...

Enquanto isso a indústria enche as burras. Porque na realidade é disso que se trata. Concebem a evolução humana e suas conquistas - como as instituições – como mercadorias voláteis, transformam-nas em sabonete, creme de barbear que se comercializa nas quitandas e supermercados. É evidente que as pessoas e suas instituições devem evoluir. Isso está na essência da natureza. Só não evolui o que pereceu. Mas essa evolução deve ser profunda, sincera, verdadeira, sobretudo necessária. E não conseqüência do momento ou das circunstâncias.

P – Mas como garantir que a QuasarK+ não se enquadre neste contexto mercadológico, de simplesmente mais uma metodologia que acabou de aparecer?

Primeiramente porque para alavancar a organização, a QuasarK+ centra foco sobre o indivíduo e suas relações, não só produtivas, mas também familiares e sociais. Estuda como se processa a inserção do indivíduo no seio de sua comunidade. Verifica os laços de solidariedade mantidos com os extratos excluídos da população, o grau de compromisso com as equipes de trabalho, com a instituição que trabalha, com as organizações concorrentes, com o Estado, com o mundo. A QuasaK+r necessita saber de que forma a biopirataria, o trafico internacional de mulheres para prostituição, a juventude adentrando cada vez mais cedo no universo das drogas, dos alucinógenos, de que forma os problemas do mundo contemporâneo afetam o indivíduo em sua performance produtiva, mas também na familiar, no seu círculo social. A QuasarK+ não enfoca o indivíduo como mera força de trabalho, mas como cidadão, indivíduo com participação maiúscula, que não se omite, não se acovarda, não se deixa intimidar. Outro aspecto importante é que o Instituto Zumbi detém a exclusividade para a utilização da metodologia.

P - Instituto Zumbi?

É uma organização não governamental sem fins lucrativos que atua na área de planejamento, desenvolvimento econômico e inclusão social. No Instituto Zumbi, seus dirigentes não recebem remuneração pelos cargos que ocupam e os resultados obtidos são integralmente investidos em trabalhos com as parcelas da sociedade em situação de risco social.

P – O que o levou a criar a metodologia?

Desde quando cursava engenharia enveredei para os lados do planejamento. Então logo que concluí os estudos passei a atuar nas áreas afetas ao planejamento e numa mais saí. Logo percebi que as tecnologias de planejamento disponíveis não respondiam à diversas necessidades e expectativas. Nas democracias modernas o nível de progresso e desenvolvimento de suas sociedades é diretamente proporcional à qualidade da participação que se verifica na vida das organizações, da participação que se verifica nas esferas política e social. Ocorre que para participar com qualidade, não basta querer. É necessário dominar um conjunto de técnicas que torne este processo possível. Tanto quanto no primeiro mundo, a participação é fundamental para que as sociedades dos países periféricos como o Brasil alcancem o desenvolvimento. Como percebi aqui a existência de uma grande lacuna, avaliei a oportunidade de preencher este espaço. A metodologia QuasarK+ disponibiliza técnicas, colocando a educação e o teatro no centro do processo de mobilização para o planejamento e a modernização institucional, no centro do processo de ebulição do empreendedorismo. Trabalhamos também o processo sinergético da comunicação. É que a comunicação é a ponte que interage o indivíduo ao seu próximo, e as instituições entre si e com os cidadãos. Daí porque os processos de comunicação estão também no centro da metodologia QuasarK+.

P – E o que espera dela?

Sua aplicação, a utilização da metodologia QuasarK+, possibilita que nossa participação nos locais de estudo, trabalho e moradia, se processe de maneira satisfatória, no limite da produtividade, no seu ponto mais elevado. Estou certo que a tecnologias auxiliará na progressão dos indivíduos e das organizações, sejam elas públicas ou privadas. Auxiliará a despertar em todos, aquele sentimento interior, guardado em nossos rincões mais profundos, aquele sentimento que nos abre para o outro, o sentimento de que fazemos parte de um mesmo mundo, habitamos um mesmo espaço, e que tudo deve ser feito para que as futuras gerações encontrem um lugar melhor e mais justo para se viver.

P- Retornando àquela questão da educação e da cultura, da arte como instrumento do planejamento...

A Quasar é a única metodologia que interage as técnicas do planejamento com os processos criativos possibilitados pelo teatro e pela dramaturgia. Não fica restrita ao planejamento enquanto instrumento isolado de intervenção. Lança mão da educação por se constituir num processo permanente de construção e reconstrução do conhecimento, um processo que deveria se iniciar quando nascemos e só terminar quando morremos. Enfoca a arte e o teatro especificamente porque este ramo da atividade artística, desde suas origens, na Grécia antiga, é tida como a arte maior, aquela que eleva o espírito, que conduz o homem ao seu âmago, ao seu interior, à sua identidade oculta, secreta. Contextualiza a comunicação e a participação porque a primeira possibilita a conexão com o outro, seja o outro indivíduo ou organização. E a segunda porque a participação está na essência da democracia. Uma participação intensiva, diferenciada, qualificada, é pré-condição para a conquista da plena cidadania.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Brasil não precisa de 7.343 novos vereadores

O Brasil – ao que parece – jamais se verá livre da síndrome da boquinha, expressão bem ao gosto popular que identifica certas ‘vantagens’ pessoais, mas que aqui assume um sentido mais grave e perturbador, com um potencial de destruição infinitamente superior, porque se refere a avançar sobre o erário e o patrimônio público.

Para o país e para a sociedade, esta é uma questão por demais relevante, uma questão estrutural, capaz de per si de comprometer nosso progresso e desenvolvimento.

Sobretudo em tempos de crise econômica, a gestão pública se reveste de maior complexidade. Deve se apropriar de um viés, de um modus operandi diferente do exercitado em tempos de calmaria, quando impera o tempo bom, a normalidade institucional e a toada controlada dos mercados.

Quando o planeta e o país experimentam estágios de crescimento econômico, o crédito fica mais disponível em decorrência, inclusive, da progressão – sustentável ou não – das receitas públicas.

Mas quando o planeta arrasta o país para uma crise cuja profundidade ainda é por todos desconhecida, autoridades e gestores deveriam assegurar que a transição transcorresse sem grandes traumas, mitigando os nefastos efeitos da crise, fazendo com que as seqüelas se limitassem ao mínimo minimórum, ao suportável pela coletividade, investindo em políticas de redução de danos.

Mas este não é o entendimento de nossos parlamentares. Definitivamente, não é!

Câmara e Senado aprovaram uma Proposta de Emenda à Constituição que aumenta em 7.343 o número de vereadores, com o que o Brasil passaria a contar com 79.791 edis; em contraposição aos 51.748 atuais.

A aprovação foi resultado da implacável pressão que suplentes de vereadores de todo o país fizeram sobre os integrantes do Congresso. Da forma como foi aprovada na Câmara dos Deputados, a proposta também deveria reduzir o limite de gastos com as Câmaras Municipais. A PEC estabelecia que poderiam ser gastos o mínimo de 2% e o máximo de 4,5% do orçamento municipal. Atualmente, os gastos variam de 4,5% a 8%. Mas o Senado fez pouco caso de pormenor tão importante, com o quê a Câmara se recusou à sanção; ficando o Supremo com a tarefa de descascar co abacaxi.

Só por isto, não temos, já agora em 2.009, quase dez mil novos vereadores.

Quem, em sã consciência, poderia imaginar que o país necessite de tantos novos vereadores? Quem, senão suplentes e congressistas, categorias que atuam prioritariamente em defesa dos interesses próprios, aqueles untados de puro corporativismo?

Ao contrário, não tenho dúvidas: submetida à consulta popular, uma proposta que reduzisse substancialmente o número de vereadores e parlamentares seria entusiasticamente aprovada pela população.

O Brasil necessita de 7.343 novos professores, 7.343 novos médicos, 7.343 novos policiais, 7.343 novos juízes, e muitos milhares de outros novos profissionais. Mas definitivamente, não precisa de 7.343 novos vereadores.

A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Políticos-anões e humores da natureza.

O Brasil não tem uma boa tradição de gestão pública. A máquina estatal encontra-se ainda com um elevado grau de engessamento, o que possibilita que a administração se prostre, ficando à mercê do político-anão de plantão. E quando refiro-me a político-anão, falo dos poucos, especializados na arte da oratória, da enganação, da trapaça e da corrupção. Não são todos, evidentemente, porque, felizmente, a maioria dos políticos é constituída por gente honesta, abnegada, que busca, com persistência e obstinação, corresponder às expectativas e ansiedades da população. Ocorre que os políticos-anões são como ervas-daninhas, são dotados da destruidora capacidade de colocar toda a plantação a perder. E o que tem resultado da inóspita equação “estado engessado-político anão” é um país que vivencia problemas que muitas nações já superaram séculos atrás.

A tragédia recente de Santa Catarina é um caso que exemplifica, à perfeição, o pressuposto.

O Estado amargou calvário parecido no ano de 1984, portanto deveria estar devidamente preparado para não se deixar surpreender com as “peças que a natureza prega”.

“Peças que a natureza prega”, “o volume de chuvas foi descomunal”; “as precipitações superaram todas as previsões”, “os temporais castigaram o Estado”, “foi uma fatalidade, imprevisível e inevitável”, apressaram-se em justificar políticos-anões, autoridades-anãs e responsáveis-anões, atribuindo a desgraça aos humores dos deuses dos vapores condensados na atmosfera.

Propositalmente, valendo-se da comoção causada pela tragédia, sonegam as informações fundamentais, aquelas capazes de identificar os verdadeiros responsáveis, os literais causadores do flagelo, os políticos-anões, os gestores-anões, e não a natureza, como alardeiam aos quatro ventos.

Não há como negar que o volume de chuvas foi bem superior ao que, ordinariamente, é registrado no Estado. Mas qualquer estudante de 2º grau dedicado um pouco mais nos estudos de geografia está cansado de saber da existência de eficazes sistemas de monitoramento, capazes de indicar com bastante antecedência as alterações climáticas, dando tempo para que as autoridades ajam e a população se previna. Sabe-se, agora que a vaca foi pro brejo, que o sistema que monitora as cheias da bacia do Rio Itajá-Açu está de todo ultrapassado.

Mas não é só. Existem ainda as obras de infra-estrutura que deveriam ser realizadas e não foram. Para não falar dos estudos e planos de ordenamento urbano e rural que foram negligenciados, permitindo a ocupação de áreas e terrenos que não deveriam se destinar a edificações e construções.

E essas questões não estão afetas às divindades ou aos humores da natureza, e sim às autoridades, aos políticos, que quando anões, se comportaram de forma irresponsável, criminosa, vil e canalha.

Resultado da vilania? Economia em frangalhos, milhares de desabrigados, inúmeros desaparecidos, e mais de cem brasileiros mortos.

No Brasil, todos os anos, este tipo de ocorrência costuma martirizar os flagelados, os marginalizados, os que são tangidos para a periferia da periferia, os que não têm moradia digna, e por isto constroem nos morros, encostas, franjas dos rios e cursos d’água... são as vítimas preferenciais dessa categoria de político.

Os fatos mostram que os vampiros não se contentam tão somente com o sangue dos pobres e excluídos. Querem mais, posto que as cidades alagadas de Santa Catarina são áreas estabelecidas, antigas, consolidadas.

Solidária, a população respondeu em uníssono aos chamados de ajuda, não permitindo que a tragédia tomasse dimensões maiores e mais terríveis. Agora, a tarefa é identificar e punir exemplarmente os responsáveis. Desta vez, não devemos permitir que vingue a insidiosa teoria expressa na velha cantilena de que “tudo se deveu ao excesso de chuva, aos humores da natureza”. Não, basta! É preciso vergar e destruir a besta que macula indelevelmente a grande política e enxovalha a alma nacional.